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Há um ano poucos eram os profissionais terapêuticos que se arriscavam no atendimento on-line. Em geral, os próprios órgãos de controle de suas áreas (os Conselhos) tinham ressalvas para este tipo de atendimento e em muitos casos declaravam que a terapia estava mais para uma orientação, do que para um serviço terapêutico propriamente dito.

Na opinião da maioria, o on-line era mais um recurso provisório para situações específicas em que não fosse possível o encontro presencial como, por exemplo, alguém que já estivesse em processo terapêutico mas fosse fazer uma viagem de negócios ou passar um período em intercâmbio.

Nesse caso, a terapia on-line era considerada uma forma de manter contato com seu psicólogo durante esse tempo limitado. Porém, mesmo em circunstâncias como estas, sempre houve uma pressão para que o profissional encaminhasse o caso para um outro profissional sob a justificativa de que não poderia manter a mesma qualidade de atendimento e que a “transferência” seria o melhor para o paciente.

No entanto, desde o início do ano passado, em que todos nós fomos incentivados a ficarmos em nossos lares desempenhando nosso trabalho evitando o máximo possível o contato com outras pessoas, o atendimento on-line se tornou uma realidade

A tecnologia encurtando distâncias

Hoje mais experientes com a tecnologia e com informações dos órgãos reguladores, nós psicólogos estamos mais aptos para dar conta do desafio e, sobretudo, temos mais clareza sobre quais casos podem ter sucesso neste modelo e quais tem pouco ou nenhum benefício nesta prática.

Falando da minha experiência pessoal, acho que a adaptação foi bem sucedida. Embora ainda existam desafios como a dificuldade do paciente de se colocar em ambiente sigiloso e sem interrupções, somados a instabilidade da internet ou o esquecimento dos fones, estamos colhendo resultados positivos.

Em um primeiro momento, como todas as novidades, às vezes, surgem contratempos inesperados: a bateria que se esgota antes do tempo ou uma ligação que interrompe o atendimento. Mas a experiência vai trazendo novos recursos e habilidades que vão um a um eliminando o improviso e as surpresas.

Acolhimento e escuta mesmo à distância

É possível sim acolher os sentimentos e emoções que surgem no modo on-line. Não mais com a possibilidade de oferecer um lenço ou o silêncio da sala de atendimento, mas com a presença inequívoca da escuta atenta e empática que surge do psicoterapeuta que se encontra no outro lado do aparelho.

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