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Recentemente, a UNICEF fez uma parceira com outras instituições brasileiras como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e lançou um canal de escuta destinado aos jovens de 13 a 24 anos.

O objetivo desse serviço é que os jovens tenham uma forma de comunicar suas dúvidas e angústias reduzindo as situações de isolamento desta faixa etária e, consequentemente, diminuir situações de abuso, autolesões ou suicídios de adolescentes

Mas como um canal deste tipo pode contribuir? Em consultório é mais fácil observar estes benefícios.

O processo terapêutico

Muitas vezes a maior dificuldade no processo terapêutico é acessar aquilo que nos envergonha, aquilo que não temos a coragem de falar, de expressar.

O medo de ser julgado, o medo de sermos responsabilizados, o medo de descobrimos nossas vulnerabilidades e inseguranças, ou pior ainda, que os demais também as descubram, são motivos que podem fomentar o comportamento de exteriorizar essas questões.

Já vivi uma experiência em que ao final do processo terapêutico de um paciente, devido a minha mudança de país, ele resolveu me contar algo considerado, por ele, como um comportamento reprovável.

O que ele me contou mudou a minha opinião sobre ele? Não, de forma alguma. Mas, talvez tivesse sido importante aprofundar essa questão com ele de forma a acessar muitas coisas que me chamavam a atenção desde o início.

Se este fato tivesse ocorrido atualmente, mesmo com a mudança de país, teríamos mantido os atendimentos e o processo terapêutico poderia ter avançado mais além.

Por outro lado, a minha partida foi o que permitiu que o paciente se abrisse pela primeira vez com alguém, pois ele sentiu uma segurança maior em falar do assunto pelo fato de que não nos veríamos de novo.

Qual é o real peso dos segredos e vergonhas que carregamos? E a sensação de solidão e isolamento que nos acompanha? Quais obstáculos trará? A impressão de sermos as ovelhas negras do mundo pode ser devastadora.

“Sensação de patinho feio”

No entanto, como aponta a história do “Patinho Feio”, por mais esquisitos quenos sintamos, ao ampliar o olhar, dividindo nossas angústias com o entorno, vamos nos dando conta de que não somos únicos. Ou mais do que isto: talvez estejamos no “bando errado”.

Dividir com outras pessoas aquilo que nos perturba, tem o potencial de mostrar soluções maiores e/ou melhores em relação àquilo que nos transtorna, multiplicando a gama de respostas

O poder da internet para unir pessoas

A internet possibilitou isto de alguma forma, pois é um espaço de observação das diferenças. Estar em um lugar (internet, nesse caso) em que aquilo que me aflige encontra um eco em outras pessoas, pode ser reconfortante.

Não estou mais só…possivelmente outras pessoas também acessaram as respostas que eu tanto almejava e a principal delas é: não sou o único. Com certeza este recurso tem a sua importância, mas cuidados se fazem necessários.

Por outro lado, ele pode funcionar como o início de um processo de autoconhecimento e autoaceitação, talvez ainda, o encontro com o meu lugar no mundo e a minha contribuição para o coletivo.

Afinal, em última instancia é exatamente isso o que todos buscamos: ‘os que se acham’, ‘os que não se acham’ e todas as variações entre ambos.

Dividir experiências para multiplicar soluções: este é o poder do coletivo! E se você é um jovem, agora existe mais um novo canal. Conheça-o em www.podefalar.org.br.

Saiba mais sobre como a terapia pode te ajudar neste texto: https://bit.ly/3wE2l7n