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Quando informei minha filha de 7 anos que estávamos esperando um novo membro na família, ela ficou muito curiosa sobre o ocorrido. Entre as várias perguntas sobre como o bebê havia chegado na minha barriga, ela tinha especial interesse em saber o sexo do bebê e como ele seria.

Tentei explicar, da melhor forma possível, afirmando que não seria possível saber estas informações antecipadamente. Perdida em meus pensamentos sobre a melhor forma de fazê-la entender a situação, ela veio em meu socorro com uma sacada fantástica:

“Já sei mãe, é como no Kinder ovo!”

Achei a explicação perfeita. Afinal, com base na experiência dela, só poderíamos conhecer quem estaca na minha barriga depois que o bebê saísse da mesma. Sempre penso nessa história quando converso com alguém que está grávida ou teve filhos recentemente.

De lá pra cá, várias coisas mudaram com relação a exames e precisão dos mesmos trazendo uma nova dimensão ao processo, proporcionando maior sensação de segurança e controle sobre a gestação, o bebê e o parto.

Ao ver-se grávida a mulher busca todas as informações sobre este momento: quais vitaminas tomar e a melhor atividade física, como montar o enxoval, quais são os exames necessários, colhem informações sobre o tipo parto e definem as pessoas que estarão envolvidas nesse momento. É neste mar de informações que vamos construindo um plano altamente minucioso para a chegada do bebê e nos distanciando enormemente da mente aberta necessária para “se abrir um Kinder Ovo”.

Nossos planos idealizados são quebrados na primeira oportunidade em que a realidade apresenta dissonâncias em relação ao projeto inicial, expondo as reais incertezas do caminho.

Pensar nisso me faz refletir sobre quanto o olhar de curiosidade em relação ao novo, uma curiosidade quase infantil, pode nos beneficiar. Adotar uma postura que nos permita não julgar ou categorizar ao primeiro olhar, definindo “isto é bom ou ruim”.

Permitir-se experimentar traz flexibilidade para se viver na própria pele, o que possibilita uma total mudança da perspectiva. Além disso, vamos concordar: qualquer (pre)conceito, necessariamente implica em uma visão curta e incompleta das situações.

Outra forma de vivenciar visões diferentes é conviver com pessoas de fora da nossa “bolha” aproveitando as experiências alheias sem julgamento, sem ideias pré-concebidas. Lembro claramente do exemplo de um professor que afirmava que ensinava aos alunos, tanto quanto aprendia com eles, mas para esta visão, com certeza, ele teve que abrir mão de um olhar enrijecido, da ideia do professor tradicional, cheio de normas e regras.

O olhar curioso e aberto, a ideia de bancarmos os desconfortos sem nos desestruturarmos, é o que nos permite a aceitar os desafios que a vida traz transformando-nos e transformando-os sempre!

O olhar de uma criança me permitiu repensar as expectativas que eu tinha sobre aquela nova experiência de gestar. Apesar de não ter sido uma nova experiência em si, a fala da minha filha me trouxe uma perspectiva totalmente diferente e eu pude utilizar em todas as outras vivências que eu tive, e continuo tendo, ao longo da minha vida: a expectativa e a abertura sobre o que o próximo Kinder Ovo irá me trazer.