Press Enter / Return to begin your search.

Uma das questões mais observadas por aqueles que estudam a psicologia são os mecanismo de defesa, e um deles comumente utilizado por todos nós é o mecanismo da projeção.

Quem nunca projetou no outro seus piores aspectos que atire a primeira pedra. Quem de nós nunca responsabilizou o outro por algo que saiu errado, sem nem darmos uma mínima espiadela naquilo que nós mesmos fizemos para tal fracasso?

Na realidade, quando nos sentimos mal por algo que fizemos, isto pode gerar uma ansiedade muito grande e para dar conta dela, projetamos no outro aquele aspecto perturbador.

Claro que a projeção não acontece somente com questões negativas, também podemos projetar no outro a responsabilidade pelo sucesso de algo, muitas vezes não dando o devido valor a nossa participação.

Como funciona a projeção?

O modo como percebemos o mundo ao nosso redor é que vai dando um pouco o tom daquilo que projetamos. Ao nos sentirmos acolhidos no início de nossa existência, vamos projetando naquele mundo que nos cerca uma percepção de ser um lugar acolhedor e confiável.

Por outro lado, se formos desde o início negligenciados, vamos percebendo o mundo ao nosso redor como instável, suspeito ou traiçoeiro, o que nos levaria a ter uma atitude de pouca segurança para atuarmos ou sermos nós mesmos.

Quando pensamos isto a longo prazo, fica mais fácil perceber como o mecanismo da projeção atua. Muitas vezes esta sensação é tão inconsciente que realmente não se trata meramente de não querer ver, mas, de uma incapacidade para diferenciar o que são nossos desconfortos internos, daquilo que estamos vivendo externamente nas situações do cotidiano.

Realidade ou projeção?

Sendo um mecanismo utilizado de forma tão frequente e corriqueira, então onde estaria o problema? A questão passa justamente por ficarmos com uma visão equivocada daquilo que vivenciamos, e consequentemente tomamos decisões baseadas em ideias que não correspondem a verdade.

Imaginemos, por exemplo, que nosso chefe chama um colega para almoçar. Podemos imaginar que com este gesto ele (ou ela) esteja demonstrando uma determinada preferência ou um maior grau de confiança com aquela pessoa. Partindo desta percepção podemos imaginar que nossas chances de crescimento na empresa estariam limitadas por algum aspecto nosso ou que nosso trabalho não estaria sendo reconhecido, descartando toda e qualquer outra probabilidade como, por exemplo, que o almoço seria para conversar sobre uma doença que ambos tem em comum.

O autoconhecimento é um aliado

As possibilidades, são infinitas, e talvez o melhor antídoto, seja a autopercepção. Ou melhor: o autoconhecimento, pois se tenho maior consciência daquilo que me fragiliza e estou atento ao momento em que me encontro, pode ficar mais claro para mim se estou diante de uma questão interna ou se de fato o meu entorno é o está me trazendo desconfortos.

O desafio, claro, não é tão simples. A ideia de autoconhecimento inicia no momento em que nascemos com a exploração do nosso corpo e vai se desenvolvendo ao longo de nossa vida. Eu ousaria dizer que nunca de fato termina, mas mesmo incompleto, é o que vai nos permitindo a caminhada cada vez mais segura, mais de acordo com aquilo que valorizamos, com aquilo que chamamos de vida.