Rosely Sayão, psicóloga e cronista do Estado, escreveu neste final de semana o artigo: “Não existe ano perdido”. A sensação era que ela lera meus pensamentos, tamanha a sintonia, pois partilho totalmente de seu ponto de vista. O texto se referia ao ano escolar e no quão difícil e mobilizador tem sido este ano para pais, mestres e alunos. A pergunta trazida por todos era se deveríamos tratar este ano como perdido ou não. A resposta dada por ela ficou clara no título do texto e para mais detalhes sugiro a leitura do mesmo.
Um ano em que todos nós tivemos que rebolar para nos adaptar às novas exigências de fato não remete à boas lembranças. As perdas dizem respeito às vidas ceifadas pelo coronavírus e pelas perdas econômicas, sem dúvida, o aspecto negativo do ano.
Por outro lado, o freio imposto no ritmo de nossas vidas trouxe ganhos inesperados. O primeiro deles foi em relação a poluição, em muitos locais o ar ficou mais limpo e o céu mais claro. O trânsito ficou mais fácil, o tempo entre deslocamentos diminuiu.
A maior parte de nós, esteve preocupada em proteger as pessoas ao nosso redor, em saber como estavam os amigos distantes, em cuidar de nossos familiares vulneráveis. O medo nos trouxe uma ideia mais clara do que era realmente importante e prioritário.
Aprendemos a cozinhar melhor, a limpar de maneira mais eficiente e reorganizamos nossa rotina para dar conta do trabalho externo em ambiente doméstico.
Ficamos mais ligados naquilo que de fato queríamos para nossas vidas, mudamos visões e comportamentos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Fizemos cursos, maratonamos filmes, consumimos mais álcool, estamos mais digitais. Nos sentimos mais ansiosos e deprimidos.
O que vai ficar deste processo ainda não sabemos, mas não somos os mesmos do início, e melhor ainda, o mundo parece que também está querendo mudar.
Pensando no aspecto educacional ou não, acho curioso alguém pensar que este poderia ser um ano perdido. Está sendo um ano desafiador, detentor de enormes inseguranças, mas definitivamente não será um ano perdido.