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Gostaria de iniciar este texto contrariando o título acima, não creio que na atual conjuntura possamos dizer que a mulher possa optar por não ter uma carreira. Porém, com estas palavras, queria destacar que foi a partir desta escolha que de fato as coisas começaram a mudar na vida delas.

Hoje não se discute mais se a mulher ingressará ou não no mercado de trabalho: isto é dado como um fato indiscutível. Aliás, ousaria dizer que foi justamente quando deixou-se de perguntar se a mulher deveria ou não trabalhar fora é que grandes transformações começaram a ocorrer.

Cabe ressaltar que a mulher sempre trabalhou, sempre teve encargos sob sua responsabilidade e era esperado que ela se ocupasse das questões da casa e daqueles que viviam em seu núcleo familiar.

Por outro lado, o trabalho remunerado era visto como uma alternativa secundária, temporária, quando os recursos econômicos aportados pelos homens da casa eram insuficientes.

A medida que esta situação temporária foi se tornando permanente, fato observado principalmente no pós-guerra em que a força de trabalho feminina foi muito requisitada, a resistência das mulheres trabalharem fora foi diminuindo e a presença feminina no mercado de trabalho foi aumentando.

Este aumento, da força de trabalho feminina, foi o grande divisor de águas no sentido de se entender e aceitar este potencial laboral, tanto do ponto de vista masculino, como também do próprio olhar feminino em direção a nós mesmas.

Foi neste processo de ocupar espaços que não considerávamos adequados ou apropriados que fomos nos dando conta do grande preconceito que todos nós, enquanto sociedade, estávamos imersos.

Entrar no mercado de trabalho foi extremamente importante para que as opções em outras áreas, tais como a maternidade e o casamento, também fossem sendo pluralizadas. As demandas e as queixas femininas impulsionaram estas mudanças que ocorreram e continuam a ocorrer.

As vezes a opção da mulher pela carreira ainda é vista com desconfiança, como se o trabalho em si exigisse uma agressividade, uma competitividade, que fosse incompatível com o modo de ser feminino. No entanto, esta visão está obsoleta, a agressividade não é mais considerada um parâmetro de sucesso nem mesmo dentro do próprio universo masculino.

As críticas ocorrem das mais variadas formas, algumas exigem que nos adaptemos, outras que o mundo se adapte a nós. Afinal se ainda somos as únicas responsáveis por gerar vidas, a sociedade precisa ter medidas que acolham esta diferença, afinal isto nos atende a todos.

Os desafios que surgem em função deste novo lugar que ocupamos na sociedade nos obriga a fazermos ainda mais escolhas, concessões, mas sempre levando em conta de que o que plantarmos aqui, poderá ser colhido pelas próximas gerações sem tanto esforço ou pelo menos sem tantas críticas.

Entre malabarismos, vamos aos poucos, mas de maneira inequívoca, estabelecendo as bases para que quaisquer que sejam as diferenças, que estas venham com o objetivo de somar, em prol de numa sociedade menos narcísica, mais diversa e sobretudo mais acolhedora.