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Neste mês de março gostaria de conversar com vocês sobre a mulher e a primeira ideia que me surge é a mulher no seu papel de mãe.

Quando falamos de opção pela maternidade cabe aqui apontar o quão recente é essa possibilidade de escolha porque de fato o papel da mulher era primordialmente gerar filhos. Podia ser pela questão de ter mão de obra para ajudar a cuidar da terra, para deixar herdeiros ou simplesmente para povoar o mundo.

O fato de abdicar deste papel era algo muito mal visto por toda a sociedade. Além disso, a não existência de métodos contraceptivos seguros, tendo-se relações sexuais, o risco de engravidar era bastante grande.

A cada dia 8 de março, dia internacional da mulher, lembramos quantos avanços obtivemos em relação a esta escolha, as mudanças ocorridas no papel da mulher, tanto no contexto pessoal quanto no contexto social. Isto nos colocou em um novo patamar com grandes possibilidades a nossa escolha e, entre elas, a livre decisão pela maternidade.

Em relação a isso a ampliação foi significativa: hoje é possível não ter filhos, ter filhos não biológicos, postergar a maternidade, gestar filhos de doadores desconhecidos, todas opções válidas e possíveis que exigirão de nós as adaptações necessárias para cada uma delas.

O que de fato não mudou, é a avalanche de responsabilidade que surge quando aceitamos o papel de sermos mães.

Por que ser mãe?

A primeira questão que eu gostaria de levantar é que existe um paradoxo na questão da escolha. Ao sair do padrão “nascer mulher, se preparar para cuidar de uma família, casar e ter filhos”, por mais engessado que isto seja, há neste modelo uma “segurança” por não haver outra escolha.

Não estou descartando as dificuldades de cumprir este plano, mas ao se deparar com um único caminho a ser trilhado, não havia dúvidas quanto ao que deveria ser feito, isto sem falar do entorno social que se que apresentava bastante colaborativo durante todo o processo.

Já ao ser apresentado a um maior número de opções e caminhos, o ser humano, tende a ficar muito inseguro em relação a uma definição, ou pior ainda, após a escolha ser feita, ficar questionando se devia ou não ter tomado aquela decisão. O que além de ser improdutivo, desfoca a atenção daquilo que precisa ser feito.

Então, o primeiro ponto desafiador é a escolha propriamente dita. O segundo é mais influenciado pelas circunstâncias, ou seja, de que forma esta maternidade vai acontecer na minha vida.

Cuidado com fantasias e expectativas

Acho importante levantar este tema porque existe uma fantasia de que dado o momento em que um plano é estabelecido, só nos resta focar no mesmo para chegarmos ao resultado tão esperado. Ter um filho é uma aventura, uma aposta no futuro, um sonho…porém, a concretização deste sonho nunca é o que esperávamos e entender isto talvez seja o grande segredo do sucesso.

O terceiro ponto que esta decisão pela maternidade vai te levar é como não se perder de si mesma durante o processo. Acredito que esse seja realmente o maior desafio quando optamos por ter filhos. Como aceitar que por um período não seremos donas de nosso tempo? Como aceitar que posteriormente eles se desprenderão totalmente de nossos projetos?

Ser mãe é ter uma função com responsabilidades e expectativas sobre nós, sobre os outros, sobre nossos filhos. Não há volta atrás, isto seria abandono. Não há certezas, isto compete a diretriz da vida. Mas há um amor único e intenso que não é do tipo que explica, só se sente.

Ser mãe é um ato de fé (ou seria de loucura?). Fé na vida, na existência, na humanidade, mas sobretudo um ato de fé em nós mesmas.