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Semana passada, ao iniciar o novo ano, desejei a todos um ano com muitas mudanças, mas é sabido: mudar não é algo que se consiga da noite para o dia. Fiquei pensando em qual seria a cor da roupa de baixo, caso este fosse um desejo de ano novo, e descobri que a cor da mudança é o laranja. Levando em conta as opções apresentadas pelo comércio, creio que mudança não deva ser algo muito almejado por nós. Mas, afinal, por que mudar é tão difícil?

Ao pensar sobre nosso desenvolvimento nos primeiros anos de vida, vejo como a mudança é uma constante. O entorno, os hábitos e o alcance do corpo passam por transformações imensas neste período. Nossas conexões são ampliadas ao sairmos da simbiose “mãe-bebê” e chegarmos ao fim da adolescência nos enxergando como seres autônomos e capacitados para cuidar de nossa própria sobrevivência e tomar as nossas próprias decisões. Pelo menos em teoria…

O fato é que, a partir do momento em que ingressamos no mundo adulto, vamos ficando cada vez mais reticente as mudanças da vida como a ruptura de uma relação, as alternâncias de trabalho, e vamos nos engessando cada vez mais até chegar ao ponto de nos mantermos em situações danosas por total falta de coragem para mudar.

Este extremo é o que nos faz permanecer em relações amoras e de trabalho abusivos ou simplesmente insatisfatórios. Por que, então, mudar é tão difícil?

Este comportamento muitas vezes pode ser fruto de uma infância insegura ou muito exigente em que não encontrávamos o suporte necessário para experimentar coisas novas ou um ambiente muito crítico diante de erros e falhas, como se o erro fosse visto como incompetência ou fracasso.

No entanto, como seria possível a um bebê ser criticado por cair aos primeiros passos? Ou por seu vocabulário limitado? Não é nos erros que aprendemos o que é certo ou a fazermos algo melhor?

Na nossa cultura vemos como certo ou ideal que um jovem adulto já deva estar habilitado para dar conta de TODOS os aspectos de sua vida. Mas como isto seria possível se a vida muda o tempo todo?

É a partir dos novos papeis que vamos assumindo ao longo de nossa existência que vamos compreendendo melhor quem somos e quais são exatamente nossas habilidades e dons, bem como nossos pontos fracos.

Fomos educados e treinados por pessoas que assim como nós não sabiam muito bem o que estavam fazendo. Com mais ou menos boa vontade, com mais ou menos desejo de que nos desenvolvêssemos da melhor maneira possível, mas seres tão falíveis quanto nós, e que até bem pouco tempo atrás, eram incentivados a não baixarem a sua guarda e a não reconhecerem os seus erros.

Faz parte do processo de mudança a insegurança e o medo. A cobra durante seu processo de crescimento troca de pele, pois seu corpo mudou e ela precisa de mais espaço. Por um tempo ela fica vulnerável aos predadores com sua nova pele ainda não totalmente desenvolvida e grossa o bastante para protegê-la. Nós também passamos por isso. A cada nova mudança ainda não estamos seguros na nova condição, no entanto, a condição anterior não nos atende mais.

Temos de acolher nossas inseguranças e ter paciência conosco e com o mundo, caso não entendam ou aceitem quem realmente somos. Os outros também irão passar por sua ‘troca de pele” e aí caberá a nós termos a compreensão e o entendimento necessários.

Somos engrenagens em polimento, num processo de constante melhora, cercados por outras engrenagens na mesma situação. A estagnação não faz parte da nossa existência e mais do que isto, ela não nos atende, pois sempre é possível fazer e ser um pouco melhor a cada dia.