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Esta semana li um artigo de Leandro Karnal que falava sobre a sinceridade. Sem sombra de dúvida um atributo de grande valor. Nossa vida está pautada na crença de que aquilo que ouvimos do outro venha de um espaço de confiança, ou melhor: que seja sincero. Quando ouvimos o quanto somos amados por nossos pais, queridos por nossos amigos, desejados por nossos parceiros, é confiando nestas informações que vamos estruturando nossas decisões e nossas vidas.

No artigo, Karnal comenta sobre a virtude da sinceridade, relembrando a importância da existência da mesma como a intermediária de relações saudáveis e profundas. Por outro lado, o texto ponderava sobre a existência de espaços em que, por mais que seja valorizada, a sinceridade dificilmente estaria presente como, por exemplo, no espaço político.

Afirmava ainda, que a mesma pode estar atrelada a uma questão de poder, dinheiro ou de outra natureza. Assim, a sinceridade era bem mais possível para aqueles que estão hierarquicamente num patamar superior, validado pela máxima: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Pensando sob este aspecto, realmente a sinceridade traz suas inconveniências. Como responder àquela amiga querida quando você não concorda com alguma escolha dela, vale a pena ser sincera? Algo que alguém comprou com carinho e claramente não foi do seu agrado, que peso tem a sinceridade neste caso? O cuidado se faz necessário. A justa medida entre o que se pensa e o que seria socialmente aceitável é a direção que devemos apontar sempre.

Entre acertos e erros, seguidos de pedidos de desculpas no segundo caso, vamos nos equilibrando e aprendendo com o tempo. Até porque, parte do aprendizado exige que também tenhamos a mesma benevolência quando formos nós o alvo das sinceridades alheias.

Em tempos de cancelamento social a sinceridade deve ser especialmente dosada, considerando que o “sincericídio”, ou seja, o “suicídio social” causado por sinceridade extrema, ou em outras palavras por pura falta de noção mesmo, pode levar a uma espécie de banimento social.

Ressalto, no entanto, que há um lugar em que a sinceridade ainda reina soberana, como um valor sem ressalvas e que se torna terreno fértil para o desenvolvimento sob quaisquer circunstâncias, e neste caso falo da sinceridade consigo mesmo.

Quando falamos de sermos sinceros conosco, significa realmente encaramos com clareza aquilo que nos alegra e o que nos entristece, nossas qualidades e nossas falhas, sem máscaras nem adornos. Munidos de coragem, tranquilidade e benevolência vamos sinceramente conhecendo a nós mesmos. Aqui a verdade é possível.